Cartas Dágua

Baralho de cartas, 2024

As Cartas D'água foram concebidas coletivamente a partir do cruzamento interdisciplinar entre arte, pesquisa, educação popular e ecologia política. Criadas em colaboração com educadores ambientais vinculadas ao Instituto Mureru Eco Amazônia (IMEA), elas são um desdobramento da pesquisa de mestrado intitulada "Tecendo insurgências junto ao rio Tapajós: Interdependência e politicidade nas lutas por defesa da vida na Amazônia brasileira", realizada por Alice Lima Nin no Programa de Posgrado em Estudos Latinoamericanos da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). A pesquisa aborda a dinâmica dos conflitos socioambientais no Brasil a partir do caso da luta por defesa do rio Tapajós, perguntando-se sobre como os vínculos vividos junto ao rio conduzem a linguagens e formas de fazer política próprias dessas relações.




Inspirados na metodologia do projeto Escola D'água, executado pelo Instituto Mureru Eco Amazônia (IMEA), em Santarém (Pará, Brasil), partimos da diversidade dos encontros amazônicos para dar corpo às cartas, trazendo proposições e reflexões sobre os mundos hídricos que nos envolvem. O projeto Escola D’água faz parte do programa internacional Swarovski Waterschool, implantado em Santarém em 2014, em parceria com o Earth Child Institute. A partir do ano de 2017, o projeto passou a ser executado e coordenado localmente pelo Instituto Mureru Eco Amazônia e, desde 2022 conta com a parceria da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), estando presente em 17 escolas-polos da zona urbana, rural, ribeirinha e de territórios indígenas e quilombolas. A iniciativa busca inspirar as gerações atuais e futuras a adotar práticas de uso sustentável da água, assegurando saúde e a disponibilidade de água limpa para todos.




As cartas serão entregues pelo IMEA a 17 escolas vinculadas ao Projeto Escola D'água na região do baixo Tapajós. Também alguns exemplares foram entregues para coletivos que trabalham na defesa de corpos hídricos na América Latina. Até agora foram realizadas duas oficinas no México com as cartas. 

Uma delas junto a professora de filosofia Mayte Xintal, no Colegio de Bachilleres Plantel 5 Satélite, Tlalnepantla, Estado do México (2024): 







Outra oficina foi realizada na "12a Asamblea Comunitaria por el Agua de los Pueblos Unidos de la Cuenca la Antigua", em Coatepec, Veracruz, México (2024). Nessa atividade se decidiu coletivamente que a partir das cartas-mãe se criariam novas perguntas a serem respondidas/retomadas na próxima assembleia:




Sendo um trabalho que ainda está em curso, o próximo passo é realizar um arquivo com as cartas criadas em cada territorio em que foram jogadas, para que se possa fortalecer ações e discussões em rede sobre os diferentes imaginários, linguagens e relações hidrossociais vinculadas às lutas pela água na América Latina. Refletir sobre as particularidades e coincidências entre os diferentes territórios que participam do projeto permite reconhecer coletivamente os caminhos de interdependencia dos quais participamos, contribuindo para a reconstrução sensível de mundos em comum.